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Desafios da criança com câncer em tempos da COVID-19


A pandemia causada pelo novo SARS-CoV-2 rapidamente se transformou em uma crise global. Tranquiliza-nos um pouco o fato de terem sido relatados casos assintomáticos ou quadros clínicos mais leves para a maior parte das crianças chinesas contaminadas, diferente do observado em adultos.


No entanto, dois aspectos desta pandemia devem ser destacados:


O primeiro é que, mesmo sem qualquer indício da doença, as crianças podem transmitir o vírus para parentes e pessoas próximas.


O segundo refere-se às infecções virais, inclusive com outros coronavírus humanos, por estarem associadas ao aumento da morbimortalidade em crianças imunocomprometidas.


Embora os dados sejam escassos sobre as características clínicas da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças com câncer, pesquisadores chineses sugeriram um risco maior da COVID -19 em adultos com câncer, devido ao seu estado imunossupressor causado pelos tratamentos, como quimioterapia ou cirurgia. Considerando nesses casos um adiamento intencional da quimioterapia adjuvante ou cirurgia eletiva como estratégia de proteção. Os tumores pediátricos são biologicamente diferentes daqueles que acometem adultos e geralmente possuem boa resposta ao tratamento e bom prognóstico, portanto o adiamento da terapia não é uma opção para crianças como sugerido para adultos.


Grandes esforços estão sendo realizados para identificar estratégias de prevenção e tratamento da COVID-19, mas minimizar o risco de exposição pela SARS-CoV-2 permanece como a única medida para reduzir o risco de infecção. Embora extremo, o isolamento é uma das melhores medidas disponíveis para limitar a propagação.


A maioria das crianças com câncer são tratadas em regime ambulatorial, onde as visitas hospitalares ou a internação intermitente são inevitáveis ​​para a administração adequada da terapia. O risco de exposição ao SARS-CoV-2 em ambiente hospitalar ou comunitário, resultou em ansiedade entre as famílias de crianças com câncer. Diante disso, alguns países desenvolveram orientações padronizadas para reduzir o risco de transmissão do SARS-CoV-2 para crianças com câncer, que são prontamente adaptáveis ​​com base no clima local em evolução e fornecem um recurso uniforme para os oncologistas pediátricos e cuidadores. Tais recomendações incluem enfatizar a importância de as famílias aderirem às orientações para higiene básica e evitar contato com pessoas doentes para reduzir o risco de transmissão.


O distanciamento social é recomendado para limitar a potencial risco de exposição. Reduzir o número de pessoas que visitam os centros de oncologia, limitando o número de visitantes, adiamento de consultas ambulatoriais não críticas, como crianças em clínicas de acompanhamento ou a utilização da Telemedicina são algumas das ações que devem ser implantadas para proteger as crianças que necessitam realizar visitas ao hospital.


Os próximos meses apresentarão muitos outros desafios, que podem incluir acessibilidade a recursos escassos, efeitos sobre a fabricação e o fornecimento de medicamentos e o efeito no atendimento de crianças com câncer de países de baixa e média renda. É necessária uma colaboração contínua entre a comunidade nacional e internacional de oncologia pediátrica para superar esses tempos incertos.


Referências Bibliográficas:


Lu X et al. SARS-CoV-2 Infection in Children. The New England Journal of Medicine, 2020 March 18. DOI: 10.1056/NEJMc2005073


Kotecha, R. S. Challenges posed by COVID-19 to children with câncer – Published: March 25, 2020. DOI:https://doi.org/10.1016/S1470-2045(20)30205-9.


LIANG, Wenhua et al. Cancer patients in SARS-CoV-2 infection: a nationwide analysis in China. The Lancet Oncology, v. 21, n. 3, p. 335-337, 2020.


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