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Tuberculose e a COVID-19


A tuberculose (TB) é a principal causa de morte por um agente infeccioso no mundo e afeta predominantemente indivíduos vulneráveis por fatores sociais e biológicos. No Brasil, em 2019, foram diagnosticados mais de 70 mil casos novos da doença, que corresponde a 35 casos por 100 mil habitantes. As maiores incidências, acima de 51 casos por 100 mil habitantes, estão nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Roraima e Acre (BRASIL, 2020a). A TB acomete, na maioria dos casos, os pulmões e as sequelas deixadas, dependendo da extensão, podem aumentar a gravidade do quadro clínico nas pneumonias por COVID-19, uma vez que ambas são doenças com manifestações similares, como tosse, febre e dificuldade de respirar e a transmissão se dá por contato próximo. Mesmo que ainda não haja estudos conclusivos associando piores desfechos clínicos em pacientes com COVID-19 e tuberculose, é importante que as ações de vigilância e combate à pandemia levem em consideração o perfil de risco diferenciado dos pacientes com histórico de TB ou com TB ativa (BOFFA, 2020) (BRASIL, 2020b) (WINGFIELD, 2020).


A Coordenação Geral de Vigilância das Doenças de Transmissão Respiratória de Condições Crônicas (CGDR) do Ministério da Saúde publicou algumas orientações sobre as ações de manejo e controle da tuberculose em decorrência da pandemia pelo COVID-19 (BRASIL, 2020b).


Quanto à prevenção individual de contágio pelo COVID-19 das pessoas em tratamento TB, o documento não faz recomendações específicas, além das já preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS): higiene frequente das mãos com água e sabão ou álcool (70%); evitar tocar olhos, nariz e boca; evitar contato com pessoas doentes; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com o cotovelo flexionado (higiene da tosse) ou um lenço descartável; ficar em casa, evitar ambientes públicos com aglomerados de pessoas; limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.


O documento ressalta a importância de organizar a rede de saúde para as ações de manejo e controle da TB, no contexto da pandemia. Além de prevenir possíveis desfechos graves em pacientes coinfectados por TB e COVID-19, muitos casos de TB poderão ser diagnosticados a partir de sintomas semelhantes aos da COVID -19.


Para tanto, as redes locais de saúde devem se organizar para:

  • orientar as pessoas com TB quanto às formas de prevenção da infecção COVID-19 e a permanecer em casa o máximo possível;

  • promover a diminuição da frequência das visitas aos serviços de saúde para consultas de seguimento e utilizar estratégias disponíveis localmente para contato com o usuário, como as teleconsultas;

  • reavaliar a necessidade de realização do tratamento diretamente observado (TDO) no serviço de saúde, considerando a menor exposição possível do usuário;

  • reservar visitas aos serviços de saúde para retirada de medicamentos e organizar os fluxos dos serviços de farmácia para reduzir ao máximo da exposição dos usuários;

  • postergar a investigação e o tratamento da infecção latente (ILTB) em contatos assintomáticos adultos e adolescentes.










O documento do Ministério da Saúde traz orientações alinhadas com a Organização Mundial da Saúde que, em 4 de abril, emitiu a nota informativa COVID-19: Considerations for tuberculosis (TB) care, no qual ressalta os possíveis riscos aumentados de desfechos graves em casos de COVID-19 em pacientes com TB e aponta como aspectos críticos a manutenção e o preparo dos serviços de prevenção e tratamento de TB durante a pandemia. Quanto aos tratamentos, a nota da OMS destaca que ainda não há tratamento recomendado para o COVID-19 e, portanto, não há indicação de precauções quanto a interações medicamentosas com os antituberculosos. No entanto, os pacientes com TB em tratamento devem ser questionados se estão tomando algum medicamento, incluindo os tradicionais, que possam

interagir com os medicamentos utilizados empiricamente no tratamento da COVID-19 (WHO, 2020).


Ainda há muito a aprender sobre a COVID-19 e até agora a maioria dos estudos em andamento são oriundos de países com perfil epidemiológico distinto dos países de média e baixa renda, quanto às causas de morbidade e mortalidade. Talvez por isso, os fatores de risco destacados até agora estão relacionados ao envelhecimento e às doenças crônicas não transmissíveis. Portanto, é necessário avançar no conhecimento a respeito dos riscos diferenciados e dos tratamentos nos casos de COVID-19 em pessoas acometidas por doenças transmissíveis, como a tuberculose.


Referências Bibliográficas:


BOFFA, J et al. COVID-19 and tuberculosis in South Africa: A dangerous combination. South African Medical Journal, [S.l.], mar. 2020. Disponível em: <http://www.samj.org.za/index.php/samj/article/view/12881/9155>. Doi:10.7196/SAMJ.2020.v110i5.14747.


BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico da Tuberculose 2020. Brasília, Número especial, 2020a. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/24/Boletim-tuberculose-2020-marcas--1-.pdf>.


BRASIL. Ministério da Saúde. Ofício Circular nº 05, de 25 de março de 2020. Orientações sobre as ações de manejo e controle da tuberculose durante a epidemia do COVID-19. Brasília, DF, 25 mar. 2020b. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/dcci-orienta-acoes-de-controle-da-tuberculose-durante-epidemia-de-coronavirus>.


BRASIL. Ministério da Saúde. Ofício Circular nº 05, de 25 de março de 2020. Orientações sobre as ações de manejo e controle da tuberculose durante a epidemia do COVID-19. Brasília, DF, 25 mar. 2020b. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/dcci-orienta-acoes-de-controle-da-tuberculose-durante-epidemia-de-coronavirus>.


WHO. World Health Organization Information Note. COVID-19: Considerations for tuberculosis (TB) care. Disponível em: <https://www.who.int/tb/COVID_19considerations_tuberculosis_services.pdf>.


WINGFIELD, T. et al. Tackling two pandemics: a plea on World Tuberculosis Day. Lancet Respiratory Med, mar 2020. Disponível em: <https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S2213-2600%2820%2930151-X>. Doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30151-X.


Observação: Clique na imagem do boletim para acessar o PDF.

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